
Minha avó foi lavadeira requisitada. Meu avô carregava malas na Viação Férrea. Ambos eram pobres e analfabetos.
Mas, nossa, como eram honestos e bons! E como deram certo na vida!
Criaram 3 filhas.
Duas viraram professoras. Essas os ensinaram a ler. A terceira filha atendia no balcão da cantina do Instituto de Educação Flores da Cunha, em Porto Alegre, e era afamada ialorixá. Criou um par de filhos e beneficiou milhares de pessoas com seus conhecimentos.
Elas tomaram caminhos diferentes na vida, mas conseguiram assimilar com os pais fundamentos como honra, trabalho, coragem e humildade.
Humildade da qual nossa sociedade vem carecendo, como nosso noticiário político denuncia.
Mas se em adultos consideramos a situação um caso perdido, que tristeza perceber que nossos jovens estão sendo educados a desprezar seus semelhantes por não pertencer ao seu extrato social, a sua bandeira política ou ao mesmo clube de privilégios.
A superficialidade do cargo e da posse vence o caráter e o esforço na visão de adolescentes. Eles se consideram donos do mundo sem ao menos terminar o Ensino Médio e sem nunca ter necessitado trabalhar para sobreviver.
Apenas se arbitram o direito de opinar sobre “profissões de gente que deu certo.”
Não há fome, miséria ou dificuldade que despenalizem a quem eles condenaram. E isso com a anuência de escolas evangélicas e maristas.
Cadê seu Deus agora?
Fico pensando em colegas queridos que trabalham horas a fio para pagar fortunas para essas “escolas de elite”, que prometem sucesso para as crianças a partir do Jardim da Infância.
Se o “produto” que essas instituições (religiosas!) entregam são jovens boçais e carentes de empatia, o investimento foi posto fora. Gostaria de dizer “o sucesso, idem”, mas me soou ingenuo.
Esses monstros serão bem-sucedidos e vão nos governar, apesar de eu ver futuros mais doces.
E eles nada tem a ver com “meritocracia”, como supõe um entrevistado na belíssima reportagem de Natália Fruet, da RBS TV, sobre dona Vera Engraxate.
Tem a ver com honestidade, persistência e, mais que tudo, oportunidade.
Mas, bem:
Essa é dona Eva, lavadeira orgulhosa do filho. Meu amigo Daniel Corrêa escreveu sobre ela, hoje, no Facebook:
Dona Eva, a lavadeira de roupas
Essa senhora que aqui aparece emocionada, chorosa, é mãe do novo superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Estado. Na posse do filho, mais cedo em Porto Alegre, ele lembrou que devia à mãe muito da sua trajetória de vida e na corporação. Para ajudar a sustentar a família, dona Eva lavava roupas “para fora”. E João Francisco, o filho, ajudava a entregar.
“Minha mãe, na sua simplicidade e humildade, me ensinou a respeitar as pessoas e a dar valor ao que tínhamos, mesmo que fosse pouco”, disse o homem mais importante da PRF no Estado.
Essa gurizada de Novo Hamburgo que menosprezou pessoas que não puderam estudar deveria aprender a lição de vida da dona Eva. Deveriam, ao menos, tentar se colocar no lugar daqueles que lutam pela sobrevivência com dignidade.
Não se brinca com isso, e essa lição os educadores da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH) ainda não aprenderam para repassar aos seus futuros médicos, engenheiros, advogados, arquitetos e jornalistas…
Shoooow Tati!!!
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Obrigada, querida! ❤
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Eu fiquei me perguntando: o que será dessas criaturas. Mas tento ser otimista. espero que revejam suas atitudes, reflitam e melhorem.
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Torço para que evoluam. Mas lendo as caixas de comentários de reportagens relacionadas ao assunto, desacredito,,,
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